Após assistir à Missa matutina e visitar Nosso Senhor Sacramentado na Catedral de Salta, as irmãs saíram em direção ao sul, rumo ao objetivo da jornada. Todavia, ainda restavam três horas de percurso atravessando a maravilhosa paisagem da pré-cordilheira andina.
Entre dificuldades e belas surpresas, o tempo de viagem voou. Do carro foram conhecendo as pitorescas formações rochosas, caprichosamente trabalhadas pelo vento ao longo de milênios e, como a configuração geográfica de uma região acaba imprimindo certas características nas almas que ali habitam, foram imaginando como seriam os povos nativos, quais seriam suas aspirações ao longo da vida, seu caráter, sua organização social.
Essa atraente região desértica, no noroeste da Argentina, tem também extensos vinhedos e inúmeras bodegas, onde se fabricam os melhores vinhos. Mas todas essas atrações passavam uma depois da outra, vistas só de dentro do automóvel, hélas!
Quebrada das Conchas! Ali fizeram alto e logo a exploração do misterioso e tão visitado local, conhecido também como Quebrada de Cafayate, começou. O grande atrativo desse cânion são suas formações em diversos tons de vermelho e ocre, que formam um belo contraste com o rio de Las Conchas. E, levadas pela vivacidade e curiosidade naturais, lá vão as irmãs para uma verdadeira aventura, escalando as paredes rochosas verticais. Mas, aventura singular, porque entremeada com episódios artísticos e apostólicos.
O grande deste local é o chamado El Anfiteatro, espaço entre as formações rochosas que adquiriu uma acústica perfeita. Admiradas pela grandiosidade do panorama, não tardaram a “testar” as vozes ali. Realmente, nenhum aparelho de som, nenhum microfone ou amplificador reproduziria com tanta limpidez os sons como esse conjunto de rochas trabalhadas pelo vento, mas assinado pela mão de Deus.
Com a alegria própria de quem pratica a castidade, executaram algumas músicas de seu repertório. Foram do gregoriano ao polifônico, fizeram “testes” de acústica, exercícios de voz… enfim, exploraram musicalmente esse famoso anfiteatro! Não tardou que um grupo de turistas foi se aproximando e entabulando conversas. Se não fosse o avançado da hora, muito mais teriam as irmãs convivido nesse ambiente com pessoas das mais diversas origens, desde europeus até aborígenes da região.
No entanto, seus generosos anfitriões as aguardavam. Receberam-nas em Cafayate com todas as mostras de carinho e de elegância platinas, e em breve se viram rodeadas pelos amigos do casal. Excelente ocasião para falar de Nossa Senhora, da Consagração a Ela, da santidade que Deus quer de nós, da evangelização através da beleza. Assunto não faltaria com os tão cultos proseadores.
Na verdade, atendendo ao convite para esse aniversário de matrimônio, as irmãs louvavam a instituição familiar, tão exaltada pela Igreja e continuamente atacada nos tempos em que vivemos. E não é certo que o exemplo arrasta? Quantos outros, vendo a alegria que cercava esse encontro, reconheceriam nele as bênçãos que o casal recebera no dia de seu casamento e, quiçá, fossem movidos a recordar as sublimes promessas que eles próprios fizeram diante do ministro de Deus? Afinal, esse importante sacramento confere aos esposos a graça necessária para alcançar a santidade na vida conjugal, para o acolhimento responsável dos filhos e sua educação, constituindo, assim, a celula mater da sociedade: a família!
Entretanto, todo passo na linha da santidade é inspirado, guiado, protegido por aquela que é a Mãe da família por excelência: Maria Santíssima. Eis outro tema que interessou sobremaneira os caros amigos argentinos, e ainda mais quando as irmãs discorreram sobre a Consagração a Maria segundo o método de São Luís Grignion de Montfort. Entregar-se a Maria como escravo de amor, adquirir a mentalidade de Maria, pensar como Maria pensa, amar como Maria ama, viver como Maria vive, enfim, em tudo conformar-se à Rainha dos Anjos e dos homens. Nem é preciso dizer o quanto a radicalidade dessa devoção encantou aqueles que têm o coração aberto aos grandes panoramas espirituais.
Enfim, a breve e abençoada missão das irmãs na Argentina chegava ao fim. Tinham que se despedir dos amigos e encetar o caminho de volta, mas agora com o coração cheio de gaudio pela constatação… Argentina é de Maria!!!